Oldcar’s Blog

Just another WordPress.com weblog

O Renault 5 do anúncio

with 3 comments

Muitos dos que têm visto, na televisão, o anúncio do último Renault Clio por certo já repararam nas duas “relíquias” que nele participam: um Renault 4, azul, que entra numa garagem e sai “feita” Clio e um Renault 5, cor-de-laranja, que ao estacionar se transforma, também, num Clio. O R4 comemora este ano os seus 50 anos pelo que dela falaremos em pormenor mais adiante. Quanto ao Renault 5 vamos vê-lo agora.
O Renault 5 em causa é de 1972, ano em que foi lançada em França a primeira série de um carro que se salientou no mundo automóvel, não só pelo interesse que criou no seu utilizador do dia-a-dia por ser uma viatura “de pequeno porte”, mas também porque era económico e confortável, e pelo papel que foi desempenhando em provas desportivas, nomeadamente no Rally de Monte Carlo.

Trata-se de um exemplar raro não apenas em Portugal onde é único (não foram comercializados fora do país de origem, França), mas também em França a viatura é rara e, segundo foi possível apurar, apenas mais dois estão ainda em condições de circular, no país de origem.

O Renault 5 nasceu em 1972 com uma série que apresentava ainda algumas características do R4, designadamente a maneta das mudanças que em vez de ser vertical, saindo do chassis, apresentava a forma de um L deitado vindo directamente do tablier.
O Renault em causa é, pois, um modelo da primeira serie (1972), que apenas foi comercializada em França, e que faz, actualmente, parte da colecção do proprietário de uma oficina no Concelho de Ílhavo, a Videirauto, de Fernando Videira, também ele um “homem dos carros antigos”. Deu entrada no nosso País pela mão de um dos muitos portugueses que nas décadas de 60 e 70 emigraram para França e, com o avançar da idade do proprietário e da viatura, esta última ficou na colecção de Fernando Videira.
Outra das características desta primeira série, além da diferença relativamente à alavanca das mudanças, é o facto de o seu interior (estofos) serem da mesma cor da carroçaria, neste caso cor-de-laranja.
Podemos dizer que a primeira geração do Renault 5 começou em 1972 tendo acabado em 1984. Foi dotado de um motor que também equipava os R4, montado longitudinalmente, com tracção às rodas da frente e com barras de torção, tendo as motorizações variado com a utilização de motores que equiparam outros modelos, além do R4, designadamente os do Renault 8 e do 12, variando as cilindradas entre os 850 e os 1400cc, não esquecendo uma versão turbo comprimida. Refira-se que o Renault 5 nasceu como uma tentativa para ultrapassar a crise do petróleo que se vivia no início da década de 70 tendo sido também comercializado nos Estados Unidos com a designação de «Le Car».
A segunda geração deste popular carro da Renault pode dizer-se que nasceu em 1985 e terminou em 1996, embora a partir de 1990, e já a par do Clio, passasse a ser produzido na Eslovénia, apresentando diversas alterações quer estéticas quer de motorização.

 

Visitar a oficina Videirauto é um regalo para os olhos. Alguns Alfa Romeo 2000 GTV, um Porsche 911, alguns Renault 4, um Fiat 6oo, diversos carros antigos de Bombeiros, onde se salienta um tradicional “pão de forma” ambulância dos anos 60, são algumas das máquinas que por lá se encontram. Bicicletas antigas, quer de marcas nacionais quer estrangeiras, uma tão popular Sachs V5, uma BMW dos anos 40 e uma Confersil Grande Turismo, embelezam também o espaço. O Renault 5 de que falámos está em exposição, junto dessas relíquias mas “entalado” entre a parede e um Land Rover (daí o ângulo das fotos não ser o melhor). Ao seu lado está ainda um Jeep Willys e um MGB cabrio.

E é, precisamente, nos Jeep Willys que os nossos olhos acabam sempre por cair quando se visita a Videirauto pois é lá que muitos dos que circulam por aí, nos diversos passeios, são restaurados, dispondo a oficina de todas as peças necessárias para um restauro “cem por cento original” dessas máquinas que serviram, durante muitos anos, o exército português.
Em Portugal, os primeiros Willys serviram o Exército Português no ano de 1944, tendo equipado as unidades de Cavalaria, designadamente a Escola Prática de Cavalaria em Torres Novas; o Regimento de Cavalaria nº 3 em Estremoz e o Regimento de Cavalaria nº 4 em Santarém tendo, o Regimento de Cavalaria da GNR recebido também alguns. Com a entrada na OTAN muitos outros exemplares desta viatura de tracção às quatro rodas vieram equipar as Forças Armadas Portuguesas.

Veículos que, durante a década de cinquenta e a primeira metade da de sessenta, foram os principais apoiantes da actividade humana nas tropas nacionais, tendo seguido muitos para as diversas ex-colónias portuguesas, inclusive para a Índia, e algumas unidades ficaram ao serviço até início dos anos setenta no Exército em Portugal, bem como nas então colónias portuguesas. Foram sendo substituídos, progressivamente, por outros veículos mais modernos, designadamente as UMM/Cournil e também pelo M-151 «MUTT» (segundo informação do Exército Português, recolhida na Net).
Refira-se que o Willys foi lançado em 1940 pela empresa Willys-Overland que, na época, apresentou o projecto ao exército americano embora a Ford, sob licença da Willys, também os tivesse produzido resultado da falta de capacidade da empresa mãe para responder às encomendas.
Durante a guerra a Willys produziu 362 mil 841 unidades enquanto a Ford produziu 281 mil 448. No total, foram construídos (entre 1941 e 1945) 647 mil 870 veículos. Depois da guerra foram ainda produzidas, pela Willys, mais 346 mil unidades.

 

Ficha Técnica: 

Fabricante: Willys (Estados Unidos da América)
Tripulação: 2+1
Comprimento máximo: 3.33m
Largura: 1.57 m
Altura: 1.77 m
Peso vazio: 1247 kg
Capacidade de carga: 0 kg
Tracção: quatro rodas motrizes
Motor: 442 Go-Devil 2.2 l
Potência: 60cv
Velocidade máxima: 89 km/h
Velocidade em terreno irregular: 35 km/h 
Capacidade: 57 litros
Autonomia máxima: 600 km 

Written by macedopita

Fevereiro 8, 2011 às 5:37 pm

Publicado em Uncategorized

3 Respostas

Subscribe to comments with RSS.

  1. Pena dizer Alfa Romeo com “u”.

    jesus

    Fevereiro 23, 2011 at 10:43 pm

    • Boa noite

      Muito obrigado pela correcção do erro.
      Por vezes as coisa falham, por distracção ou por cansaço. Já li o post diversas vezes depois de o editar e não reparei num erra que é grave.

      Grato

      Macedo Pita

      macedopita

      Fevereiro 24, 2011 at 8:23 pm

  2. Erro número 2: a Videirauto, de António Videira…Não é António Videira, mas sim Fernando Videira…

    Mariana

    Fevereiro 7, 2012 at 12:07 am


Deixe um comentário